No dia 05 de Outubro de 1988 foi proferido por Ulysses Guimarães um célebre discurso no ato da promulgação da Constituição Federal, o contexto era a transição do regime autoritário para a democracia, depois de 21 anos de ditadura empresarial-militar os ares da democracia eram novamente respiráveis, alguma centelha de esperança se mantinha acesa, o horizonte para caminhar ainda existia depois do caminho maldito ser trilhado.Moçambicanos impacientes tomam as ruas: o preço da incoerência política e governativa da Frelimo
Sobre o Conflito no Oriente Médio
A eleição de Jair Messias Bolsonaro no ano de 2018 marcou um novo caminho maldito ou caminho dos tormentos, como queiram. A condução de um presidenciável notadamente neofascista ao poder aprofundava as consequências do golpe de 2016, a retirada de direitos sistemática, sobretudo a precarização do trabalho, das condições de vida e a sobreposição de prioridades de Estado, agora mais que nunca o lucro estaria acima da vida.
Seria possível passar horas e horas escrevendo sobre as tragédias ambientais e ausência de medidas para mitigá-las e quando não as ações deliberadas para causá-las, aliás, as ações deste governo genocida colocam em xeque a sobrevivência da humanidade quando colabora diretamente com a devastação da Amazônia e de outros biomas brasileiros.
Não haveria condições para falar sobre cada órfão e órfã da pandemia, as lágrimas e a tristeza também não permitiriam escrever sobre este tema com tranquilidade, o desespero de se colocar no lugar daqueles que perderam seus entes queridos enquanto o dirigente da nação falava em “gripezinha” e sugeria remédios ineficazes nos custou mais de meio milhão de pessoas, meio milhão de ausências daquelas e daqueles que morreram agonizando.
A crise econômica, a falta de emprego de perspectiva roubou da juventude brasileira o seu horizonte para onde caminhar, perdão Galeano, já não há horizonte à vista, a utopia galgada, ainda que imperfeita e frágil se desfez. Há toda uma geração desalentada, o Brasil foi entregue a sua própria versão de Mefistófeles, sem as sutilezas, sem a inteligência, mas com a mesma sanha de levar o país ao inferno que o demônio tinha pela alma de Fausto.
De 2018 até aqui nós trilhamos o caminho maldito mais uma vez e o conhecemos, deixando milhões de almas neste percurso rumo ao abismo e mais uma vez não é hora de tomar para si o lugar reservado aos que se omitem em tempos de crise moral, retomando Ulysses Guimarães, temos ódio e nojo a Bolsonaro, ao que ele representa e ao seu projeto autoritário, não vamos aceitar o caminho maldito em silêncio, as bravatas autoritárias não nos farão lembrar de 1964, mas sim da reistência ao golpe na Bolívia em 2019. Há luta, venceremos.