Leio, estarrecida, as manchetes dos jornais: “A jovem Ana Gabriela Gomes, de 18 anos, foi morta e teve o corpo queimado na calçada de casa no Bairro Shopping Park, em Uberlândia, na madrugada desta quinta-feira (16). O suspeito é o marido dela, Marcelo Ribeiro Martins, de 28 anos, que foi preso em flagrante”. Se a igreja instituiu o feminicídio, na Idade Média, com a “Santa Inquisição”, os marmanjos aprenderam a lição direitinho.Sobre o Conflito no Oriente Médio
A narrativa é de autonomia, mas a realidade é de tutela
A Igreja condenava e eliminava as mulheres por seus saberes: não devia ser fácil sobreviver em um mundo que matava as curandeiras, sob acusação de bruxaria e heresia e ainda lhes confiscava os bens. Fico imaginando as riquezas subtraídas às vítimas: receita de chá para espinhela caída, emplasto para queimadura (que triste ironia), cataplasma para inflamação na garganta, xaropes, vermífugos e pomadas para unha encravada.
Hoje, machistas misóginos tresloucados condenam, violentam e executam como exigência de submissão e oferta de amor. “Não ouse me deixar”. Mulheres são marcadas a ferro e fogo incessantemente: todos os dias escorregam em escadas, caem nos banheiros, queimam-se cozinhando em modernos fogões elétricos, alimentando o corpo e o ego dos machos violentos. É preciso sobreviver contra as violências, o aniquilamento e a depressão. É preciso lutar contra isso. É preciso rebeldia. Mulheres reajam e lutem por suas vidas!
Não podemos continuar inertes diante dos assédios, dos linchamentos virtuais, da violência doméstica, do fogo cruzado no cotidiano. Ser mulher é lutar pela vida no sentido mais literal da expressão. Todo dia é dia de refletir sobre essa triste realidade e repensar a educação das crianças e traçar novos rumos para desviar homens e mulheres das rotas das agressões e da dor.
Precisamos construir, juntos, um novo tempo de harmonia nas relações entre homens e mulheres. Precisamos garantir o respeito. Sejam felizes em seu mês especial, mulheres, se conseguirem, ao menos, permanecer vivas. É preciso lutar todos os dias de para vencer o ódio e o preconceito! Para viver e para ser feliz! A Sororidade é nossa força de coesão!